quarta-feira, 16 de julho de 2008

Rio de Janeiro, cidade maravilhosa?


Primeiramente quero expressar a minha indignação perante a violência avassaladora que vem ocorrendo na cidade do Rio de Janeiro. Não que aqui em São Paulo e em outros estados não tenha violência, claro que tem, mas temos que admitir que o Rio de Janeiro está dominado pela violência de uma forma devastadora. Se tornando sem sombras de dúvidas, o estado com a polícia mais despreparada e violenta do Brasil.

Até quando vamos ver a polícia se "enganando" e matando inocentes?
Ontem ao ler os jornais e checando pela internet, me deparei com a reportagem de mais uma ação desastrosa da polícia do Rio de Janeiro (15/07 Administrador de 35 anos morre em perseguição policial, após um sequestro- relâmpago). Em menos de dez dias vimos outra ação mal sucedida da polícia, abrindo fogo contra inocentes que acabou culminando na execução do menino João Roberto, que teve o carro da família metralhado. Sem falar claro, de outros milhares de inocentes que morrem diariamente na mão desses policiais. Esse tipo de violência tomou proporções tão grandes, que já atinge as mais elevadas classes sociais.
Parece até que está virando moda isso acontecer. Uma coisa corriqueira, que daqui a pouco vai se tornar "normal". É incrível saber que uma instituição que supostamente treina seus homens para garantir(ou deveriam) a segurança da população, derramam mais sangue que os próprios bandidos. Aliás, do jeito que a coisa anda, quem devemos temer? A polícia ou os bandidos? quem mata mais?
Em contrapartida, devemos analisar os dois lados da moeda, e se perguntar porque a polícia age de tal maneira? Serão eles os únicos culpados? Tá certo que nada justifica tamanha violência e ignorância, mas o despraro técnico e psicológico desses cidadãos é evidente. Fora a falta de estrutura e baixos salários...
A polícia é um reflexo da sociedade em que está inserida. Em uma sociedade totalmente honesta, os policiais serão totalmente honestos; em uma sociedade em que parte da população é corrupta, haverá parte dos policiais que pratica a corrupção. Essa é uma máxima já desgastada para os estudiosos, mas a sociedade não vê isso. O que se demonstra é um desapego total à problemática. Numa corporação com mais de 15.000 policiais, um número inferior a 150 membros estão sendo acusados, formalmente, de alguma irregularidade ou desvio. Isso representa, estatisticamente, menos de 1% (!) de todo o efetivo. E esses índices se repetem em todos os organismos policiais, Brasil afora. Permitindo uma observação livre, acredito que estes dados são compatíveis com os procedimentos internos dos conselhos de classes nacionais (OAB, CRM, CRA, entre outros). Mas, por que o impacto social da falha do serviço policial é maior? Por envolver vidas e liberdade? Por ser um serviço público que deveria zelar pela sociedade? Não vejo diferenças com outras profissões ou funções - sem desmerecer nenhuma, inclusive.
O governo tenta se eximir das responsabilidades sobre a má qualidade de nosso policiamento e serviços de segurança pública, em geral. Não dá treinamento adequado e não investe em segurança. Depois diante de um fato ocorrido, o governador Sérgio Cabral declara a uma coletiva de imprensa, todo indignado, que os policiais são débeis mentais e incompetentes! Ora, o que esperar de um corpo policial que tem apenas 8 meses de treinamento? e não desenvolve todas as tarefas pertinentes para uma boa formação? Militares que dão seu primeiro tiro de fuzil já em combate, nas favelas... sem antes ter o preparo para seu manuseio.

Policiais são recrutados entre os cidadãos comuns, provenientes de famílias comuns e, fora da função policial, são como qualquer outro do povo. Tal qual uma ferramenta, o agente de segurança pública simboliza, na maioria das vezes, o caminho que o Estado indica a ele. Não falo aqui de atos de omissão, corrupção e outros naturais a toda a espécie humana: estes casos têm que ser tratados individualmente, pois aqui o cidadão, transmutado em policial, utiliza a função para exercitar atividades incompatíveis com a finalidade da segurança pública.
Finalizando, o organismo policial, por si só, não é responsável pelo que vem acontecendo, pois a ausência de fiscalização social e falta de investimento e estrutura gerou o que sofremos atualmente.